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Morreu David Lopes Ramos, nosso amigo, de cada um dos três elementos do Mesa Marcada, e o melhor crítico e jornalista de gastronomia que já conheci. Estivemos sentados à mesma mesa dezenas e dezenas de vezes, centenas talvez, e não me lembro de uma única vez em que a sua companhia não fosse agradável, a sua conversa não fosse interessante e em que eu não tivesse aprendido algo com a sua enorme cultura e sobretudo com uma maneira de ser única, de uma afabilidade e simplicidade que cativava toda a gente. Foi das primeiras pessoas que conheci no "meio" da gastronomia e vinhos e, apesar de sermos "concorrentes" (ele no Público, jornal que ajudou a fundar, eu então no Diário de Notícias) nunca houve a menor nuvem entre nós. Pelo contrário, ajudou-me sempre a tentar ser melhor, a procurar ser mais rigoroso, a não seguir maus exemplos. Assim como fez comigo, fazia com toda a gente que procurava praticar a profiissão de jornalista com dignidade (na gastronomia ou noutra área) e nunca, rigorosamente nunca, ouvi alguém ter uma má palavra sobre ele. Sentirei a sua falta para sempre, porque há pessoas que são realmente insubstituíveis. Vou recordá-lo, e isso traz-me algum consolo, como alguém que viveu bem a sua vida, que tinha uma família que adorava, inúmeros amigos, que deixa escritas páginas que serão uma referência permanente para todos nós. Vou recordá-lo com a alegria que ele merece.
(Foto: Revista de Vinhos)