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Na época passada, não apanhei nenhuma. Nesta, no início do Outono, ainda consegui comprar algumas pêras Rocha de polpa macia e sumarenta, mas a partir daí a desgraça que se está a tornar habitual: duras, com uma polpa rija, seca, amarga e esponjosa, quase parecendo uma espécie de esferovite mais compacta e ligeiramente adocicada. E não adianta deixar a amadurecer em casa, ao fim de semanas estão na mesma, Na época passada, o miolo chegava a apodrecer, deixando a polpa igualmente dura.
Compro habitualmente nos mercados biológicos, também porque gosto de comer com casca (onde, aliás, parece que se concentram de forma elevadíssima antioxidantes e outras coisas boas para a saúde), mas tentei mercearias e supermercados e por todo o lado as pêras Rocha estão intragáveis. Não percebo a razão, se as colheram cedo de mais, se tem a ver com refrigerações ou congelações, se lhes puseram produtos que as fazem assim. Só espero que os produtores, que têm feito um trabalho notável de divulgação e distribuição em Portugal e no estrangeiro desta fruta que na Região Oeste é classificada com DOP, não estejam a depenar a galinha dos ovos de ouro, desporto habitual entre nós.
Seria uma pena que uma imagem que levou tanto tempo a construir fosse desfeita em dois ou três anos. Se é que não está já a sofrer danos irreparáveis, como demonstra uma pergunta que me fizeram há cerca de um ano no Rio de Janeiro (para onde as pêras Rocha portuguesas são muito exportadas): “elas chamam-se Rocha porque são duras como pedra?”. Coitado do Sr. Rocha, que há mais de 170 anos desenvolveu esta pêra única na sua quinta em Sintra.
Fotografia: Gazeta Rural