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Retomo ao tema do Porto, sobre os 4 restaurantes de topo da região, que visitei recentemente, para falar agora do Largo do Paço, o restaurante do hotel de charme Casa da Calçada, em Amarante. Como é do conhecimento, Vítor Matos (hoje no Antiqvvm) deixou o lugar de chefe em Julho de 2015 tendo sido substituído por André Silva, no hotel há mais de 5 anos, e subchefe durante esse período.
Pela experiência que tive com o menu de degustação que me foi servido, André Silva, que foi Chefe Cozinheiro do Ano em 2013, segue um estilo de cozinha sofisticada, clássica, com um toque moderno, ora mais discreto, ora mais presente. Os produtos e a base de boa parte das propostas são portugueses, sendo a outra parte internacional, como acontece em muitos outros lugares de topo do género. Não vou entrar em comparações ou em estilo próprio, até porque não conhecia o trabalho do novo chefe e é natural que ainda leve algum tempo para impor a sua identidade. O que posso dizer é que tive uma boa refeição, que encontrei produtos de qualidade, preparados com competência, rigor e uma certa dose de criatividade. Não há ali propriamente grandes riscos (e, presumo que não seja suposto haver), mas parece-me haver vontade e energia para continuar a desenvolver um trabalho na senda do de outros chefes de renome que por lá passaram. Um trabalho prazenteiro para quem ali se desloca (nesse dia havia mais portugueses do que estrangeiros), e que está de acordo com os pergaminhos de um lugar, que faz parte da conceituada cadeia Relais & Châteaux.
Ouriço, zamburinhas (vieiras pequenas ), navalheira e outros elementos do mar.
O recurso a gelo seco para libertar a "neblina" aromática a maresia, é algo déjà vú. Porém, basta observar a reacção das mesas para vermos como ainda causa efeito. Já agora era interessante que as algas - não só comestíveis, como saborosas - estivessem no prato para serem degustadas e não apenas como decoração.
Foie gras e o maracujá (figos, manjericão, ruibarbo e bolo de especiarias
Bacalhau e as suas ovas (salsa, azeitona preta, pimentos, grão de bico, cebola e broa de milho). Um dos pratos de que mais gostei: uma "punheta" de bacalhau reconstruída com imaginação e sabor
Polvo e a batata doce
Vitela de leite e os mexilhões. Que bela carne, maronesa, creio. Óptimo, o molho de carne, bem como o acompanhamento da "lasanha" de vegetais.
Papos de anjo e o queijo da serra. Bonita apresentação de uma ideia bem conseguida e equilibrada - papos de anjo (ou amarantinos, como chamam na região) com doçura qb e um recheio de Serra "domesticado".
Amarante fica pouco mais de 40 minutos do Porto (por auto estrada), porém a cerca de 3.30h de Lisboa (360km), pelo que embora não seja impossível ir e regressar no mesmo dia, o lugar convida a ficar - no próprio hotel (lindo, como deixa adivinhar a foto de abertura que tirei) ou num outro do bem cuidado do centro histórico. Depois é só apreciar o lugar, o fotogénico rio Tâmega e, se ainda houver tempo, a gastronomia local, com destaque para os doces regionais, à base de ovos (claro), como as lérias, os papos de anjo, foguetes ou amarantinos.
Contactos: Largo do Paço 6, Amarante. Telefone: 255 410 830. Horários: 2ªF a Dom, 12.30h - 15h e 19.30h - 22.30h. Preço médio de refeição: 50/70€ (por pessoa ao jantar).
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